“A escravidão foi o processo mais violento, mais cruel, mas mais eficiente de obter, conservar, preservar e explorar o trabalho alheio. Ele não via em quem ele escravizava um semelhante, mas via um adversário e um ser inferior a ele.” (Alberto da Costa e Silva, diplomata, escritor e africanólogo).
Nesse contexto, foi levado para o Senado o projeto que defendia a extinção imediata e sem indenização da escravidão no Brasil. Esse projeto foi proposto por João Alfredo, político do Partido Conservador. A lei foi aprovada no Senado e, no dia 13 de maio de 1888, levada para a princesa Isabel para que ela assinasse, colocando-a em vigor.
A princesa regente do Brasil assinou a Lei Áurea no dia mencionado, e a capital do Brasil – na época o Rio de Janeiro – entrou em festa. Os relatos resgatados pelos historiadores contam que milhares de pessoas reuniram-se nas ruas do Rio de Janeiro e as comemorações pela abolição estenderam-se na capital durante dias.
Desde o começo do século XIX, o Brasil era pressionado pela Inglaterra para proibir o tráfico negreiro, e essas pressões resultaram na Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Com a proibição do tráfico, em 1850, o processo até a abolição foi realizado de maneira lenta e gradual.
As leis abolicionistas foram: Lei do Ventre Livre, de 1871, e Lei dos Sexagenários, de 1885. O movimento abolicionista ganhou força a partir da década de 1870, e parte considerável da sociedade brasileira aderiu à causa.
As principais formas de resistência foram realizadas pelos escravos por meio de fugas e de revoltas contra seus senhores.
Imagens
A escravidão no Brasil foi amplamente documentada pelos fotógrafos do século XIX. Contribuíram para isto o fato de ter a fotografia chegado cedo ao País, em 1840, sendo o imperador Pedro II um grande entusiasta do invento, além de ter sido o último País das Américas a abolir a escravatura, em 1888. Por cerca de 350 anos, o Brasil – destino de cerca de 4,5 milhões de escravizados africanos – foi o maior território escravagista do Ocidente, mantendo este sistema tanto no campo como na cidade. O lugar de trabalho era o lugar do escravizado.
Por vezes, o objetivo das fotografias não era a denúncia ou o estético ou, ainda, o registro do exótico. A Galeria do Dia da Abolição da Escravatura exibe fotos de escravizados em situações de trabalho, em momentos de descanso ou mesmo em poses obtidas em estúdios. São imagens apaziguadoras da escravidão e das várias funções dos escravizados. Dentre seus autores estão Alberto Henschel, Augusto Riedel, Augusto Stahl, Georges Leuzinger, João Goston, Marc Ferrez, Revert Henrique Klumb, além de alguns anônimos.
As fotos revelam uma representação naturalizada da escravidão, deixando a impressão de que seria normal a posse de homens por outros homens, o que fica evidenciado pela venda dessas imagens para o exterior como um produto exótico de um país tropical distante. Porém, percebe-se em não poucas dessas fotografias, segundo a antropóloga Lilia Schwarcz, que mais do que propriedades ou figurantes com papéis prévia e exteriormente demarcados, os escravizados negociam efetivamente nos registros fotográficos, nos pequenos sinais que deixaram no tempo e na imagem, seu lugar e condição.
A Abolição da Escravatura foi o acontecimento histórico mais importante do Brasil após a Proclamação da Independência, em 1822. No dia 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que decretava a libertação dos escravizados no país (O Paiz, 14 de maio de 1888 e A Gazeta de Notícias, 14 de maio de 1888).
Sobre este dia, Machado de Assis escreveu na coluna “A Semana”, no jornal carioca Gazeta de Notícias de 14 de maio de 1893: “Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembro de ter visto”.
Fonte e imagens:BBC.com e brasiliana.bn.gov.br