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“Quem está educando nossos filhos? Youtubers, Tiktokers, influencers, gamers?”

Em uma reflexão que acende um sinal de alerta para pais, educadores e toda a sociedade, o renomado pediatra e ativista pela infância, Daniel Becker,  aponta para uma inversão preocupante no tempo dedicado à formação de crianças e adolescentes na era digital. Segundo o especialista, a influência de youtubers, tiktokers, gamers, blogueiros estaria superando a de instituições tradicionais como a escola e a própria família no processo de “educação” informal dessas novas gerações.

Becker baseia sua análise em um contraste drástico na distribuição do tempo dos jovens. Ele ressalta que, em média, uma criança ou adolescente dedica cerca de 4 horas por dia na escola, um ambiente estruturado para o aprendizado formal e o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais sob orientação pedagógica. A interação direta e qualificada com pais e familiares, fundamental para a transmissão de valores, construção de laços afetivos e desenvolvimento da identidade, estaria reduzida a, em média, apenas 1 hora diária.


Em contrapartida, o tempo gasto imerso no universo online, consumindo conteúdos de influenciadores digitais em plataformas como YouTube, TikTok e Instagram, atingiria a impressionante média de 6 horas por dia, ou até mais, em alguns casos, conforme aponta estudo, mostra que as crianças brasileiras estão acessando a internet cada vez mais cedo. Definitivamente, a tecnologia já faz parte da rotina deles: 95% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usam internet no país. E eles são muitos: 25 milhões. Os números são de uma pesquisa do Cetic.br, um centro de estudos ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, com apoio da Unesco.


Para Becker, é nesse vasto período que ocorre uma forma intensa e muitas vezes não filtrada de “educação”, onde os influenciadores, com seus estilos de vida, opiniões, hábitos de consumo e discursos, tornam-se referências primárias e modelos comportamentais.

A preocupação central levantada por Becker reside na natureza dessa “educação” digital. Diferentemente da escola, que segue currículos e metas pedagógicas, ou da família, que busca transmitir valores alinhados à sua cultura e crenças, o conteúdo gerado por influenciadores é majoritariamente focado no entretenimento, na viralização, na promoção de produtos e, em muitos casos, na construção de uma imagem idealizada ou superficial da realidade.

Essa dinâmica, segundo o pediatra, pode ter profundas implicações na formação do pensamento crítico, na capacidade de lidar com frustrações, na percepção do próprio corpo e da autoestima, além de moldar desejos e comportamentos de consumo de maneira desproporcional. A ausência de um filtro adulto ou de um contexto pedagógico que ajude o jovem a processar e questionar o que vê online transforma os influenciadores em educadores potencias, mas sem a responsabilidade ou a qualificação para tal papel.

A reflexão de Daniel Becker serve como um chamado urgente para que pais e responsáveis estejam mais presentes na vida digital de seus filhos, promovam o diálogo sobre o conteúdo que consomem e incentivem um equilíbrio saudável entre o tempo online e as interações no mundo real. Ao mesmo tempo, reforça a importância vital da escola e da família como pilares insubstituíveis na formação integral das futuras gerações, em um mundo cada vez mais dominado pelas telas e seus “educadores” informais.

Olga Cruz

*Com informações do Portal Raizes e G1. 

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