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“Uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a dos inúteis”

Afirmou o professor e escritor Yuval Noah Harari professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, refletindo sobre o futuro dos seres humanos em relação à tecnologia. De acordo com ele, desde que começamos a avançar com a ajuda da tecnologia, muitos estudiosos e especialistas começaram a estudar e refletir sobre o impacto desta na vida das pessoas. 

O professor, que  também é autor dos livros “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade” e “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”, refletiu sobre o assunto em um artigo ao jornal britânico The Guardian, publicado em 2017, e que até hoje, em 2023, diante dos últimos acontecimentos como programas de inteligência artificial lançados recentemente, nos leva a refletir sobre o assunto.

Assim como já discutido várias vezes anteriormente, a maioria dos empregos que existem podem desaparecer completamente dentro de algumas décadas, visto que a inteligência artificial tem superado cada vez mais as tarefas dos humanos. Sendo assim, muitas profissões, até mesmo as que usam criatividade, podem precisar se adaptar ao mundo virtual, além da possibilidade do surgimento de novos tipos de trabalhos. 

Segundo Yuval Noah Harari, uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a classe inútil. Esta classe seria apenas para pessoas que não estão apenas desempregadas, mas sem a possibilidade de serem admitidas por conta do avanço da tecnologia. 

Apesar disso, o escritor acredita que essa mesma tecnologia pode tornar viável o alimento e sustentação dos desempregados, por meio de algum esquema de renda básica universal, mas, ele questiona: “será que as pessoas irão se envolver em atividades com propósitos ou enlouquecerão sem fazer algo produtivo?”.

A resposta que o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém tem para este problema são os jogos de computador, que trariam mais emoção e envolvimento emocional se comparado ao “mundo real”. Segundo o artigo no The Guardian, Harari diz que, no passado, eram as religiões que davam sentido à vida, seguindo as convicções da religião pertencente, como se ganhasse algum ponto ao orar ou seguir os mandamentos, por exemplo.

Yuval Noah Harari correlaciona a tecnologia com a religião, e exemplifica com o joguinho nem tão mais usado hoje, que é a caça ao Pokémon por meio dos smartphones e o conflito com outros jogadores que querem encontrar o mesmo Pokémon na mesma rua. “Em Jerusalém, por outro lado, não há santidade em lugar algum, mas ao olhar o lugar com os olhos da Bíblia e do Alcorão, é possível ver os lugares sagrados em todos os cantos”. De qualquer modo, o professor afirma que o significado que atribuímos a algo é gerado pela própria mente e o sentido da vida continua sendo uma história fictícia criada pelos humanos.

Ao The Guardian, o professor explica que, em Israel, por exemplo, parte dos homens judeus ultraortodoxos nunca trabalham, passando a vida inteira fazendo rituais religiosos e estudando as escrituras sagradas. A família desses homens, porém, não passam fome, em parte porque as mulheres costumam trabalhar e em parte porque o governo fornece apoio a eles, sem faltar nada para as necessidades básicas dos mesmos.

“Apesar de eles serem pobres e não trabalharem, os homens judeus ultraortodoxos têm níveis altos de satisfação com a vida, se comparado com outro setor da sociedade israelense, pois o apoio que recebem do governo seria a renda básica universal em ação”, explica. 

O professor exemplifica que, se colocarmos um adolescente que gosta de jogos de computador com subsídio mínimo de pizza e coca-cola, sem nenhum tipo de exigência ou supervisão dos pais, nem mesmo um trabalho ou atividades domésticas, é provável que ele fique no quarto por vários dias. Apesar de, sem perceber, ele ficar sem tomar banho ou comer, isso não afetará sua vida ou dará uma sensação de falta de propósito.

Por conta disso, as realidades virtuais podem ser a chave para fornecer o significado de vida para a classe inútil. Além disso, o fim do trabalho não é necessariamente o fim do significado, pois o significado é sempre gerado pela imaginação e não pelo trabalho em si. Então, em 2050, é provável que as pessoas sejam capazes de jogar jogos profundos, construindo mundos virtuais ainda mais complexos, tanto na realidade virtual como na real. *Informações – The Guardian.

Olga Mongenot  

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