Jornalistas veteranos e renomados como Giuliana Morrone, César Galvão e Fábio Turci estão entre os demitidos da emissora global. Desde o início deste mês de abril, a Rede Globo vem promovendo cortes no setor de jornalismo em alguns Estados, alegando a necessidade de manter “o processo de transformação e evolução” e “disciplina de contas”.
Os desligamentos começaram no Rio de Janeiro e, em seguida, profissionais de São Paulo, Recife, Brasília e Belo Horizonte também foram desligados.
Após as demissões em massa, a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) condenou a atitude da emissora e anunciou que solicitou uma reunião emergencial para debater os desligamentos.
Em nota publicada no site oficial, a organização aponta etarismo (preconceito de idade) nas demissões que aconteceram em diversas praças do grupo Globo.
“Em reunião realizada com profissionais da emissora, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo salientou que a posição da entidade é a luta contra qualquer demissão, com a categoria resistindo coletivamente a esse verdadeiro desmonte de nossa profissão”, diz um trecho da publicação.
“Fica evidente também a posição etarista da empresa, com a demissão sumária de profissionais com décadas de experiência”, afirma a FENAJ, em nota publicada no site oficial.
A FENAJ ainda declarou que irá abrir um canal de comunicação com a TV Globo para tentar barrar demissões de jornalistas.
Entenda
O etarismo, ou o preconceito com a idade, é identificado dentro de padrões sociais, de beleza, no mercado de trabalho, com isso, muitas mulheres se sentem julgadas ao surgirem as primeiras rugas e cabelos brancos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em um relatório de 2021, estima-se que uma em cada duas pessoas pratique alguma atitude relacionada ao etarismo no mundo.
A neuropsicanalista da USP Priscila Gasparini Fernandes explica sobre o assunto.
“No dia a dia infelizmente é muito comum ouvirmos a frase: ‘Você não tem mais idade para isso’, ou evitar um caixa eletrônico onde um idoso está utilizando pois teoricamente irá demorar. A taxa de contratação de idosos para o mercado de trabalho é extremamente baixa. O estereótipo de que a idade é um problema afeta muito a vida dos idosos, o medo de falhar e ser julgado faz com que eles se afastem do convívio social, gerando tristeza e depressão.
Etarismo, idadismo ou ageísmo são usados para definir o preconceito em relação a idade avançada dos indivíduos, se refere aos estereótipos (como pensamos), preconceito (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) em relação aos idosos. O etarismo está relacionado com a capacidade do ser humano em tomar decisões, atividades profissionais e realizar tarefas rotineiras. É muito comum, por exemplo, tratar os idosos como uma criança, como se reafirmasse um retrocesso no desempenho cognitivo, intelectual e social. O idoso é tão capaz de viver independente como qualquer outro cidadão.
Com o aumento da expectativa de vida da população como um todo, devemos criar uma melhor conscientização nas pessoas, e um respeito maior pelo idoso, por seu conhecimento e experiência adquirida pela vivência que teve. Negar o envelhecimento de outras pessoas é negar a própria vida, pois haverá o mesmo processo de envelhecer para todos, devemos semear o respeito e a consideração, pois iremos colher, ensinando nossos filhos a não vincular a idade com a capacidade, trabalhando sempre a inclusão e o amor ao próximo”, finalizou Priscila Gasparini. (*Informações UOL, IstoÉ).
Olga Mongenot