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Carnaval tem início em Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo 

Além das constantes chuvas e frente fria, o início do Carnaval 2023 neste sábado, 18 de fevereiro, é marcado como o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. A data tem como objetivo conscientizar sobre os impactos da dependência de álcool. Mas, como conscientizar sobre os riscos bem no início das festividades?

“A data conscientiza o vício ao álcool, quem bebe, precisa consumir com moderação, e o mais importante, ingerir muita água para evitar a desidratação, alimentar-se muito bem porque diferente do que muitos pensam, bebidas alcoólicas não hidratam, pelo contrário”, alerta o médico cardiologista, Lucas Pena. 

Outro importante alerta é para a mistura de bebidas alcoólicas diferentes, e ainda pior, a mistura com energéticos. “Isoladamente, a ingestão moderada de energéticos não faz mal. Não são duas latas que farão mal. O problema é que as pessoas têm bebido uma quantidade maior do que o adequado, e, consumido mais do que a média recomendada. Isso aumenta o risco quando associado ao álcool, especialmente quando a pessoa tem alguma doença cardíaca”, explica o cardiologista Carlos Frederico Lopes.

O médico reforça que o álcool causa sintomas em duas principais fases: a estimulação e a sonolência. O energético aumenta os efeitos que o álcool já induziria no nosso organismo na fase da estimulação e corta a fase do sono. E mais: algumas dessas bebidas têm, segundo Carlos Frederico, substâncias que podem interagir com medicamentos e causar efeitos colaterais ainda maiores, principalmente se a pessoa já tiver predisposição a algum problema de saúde.

Vício 

De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 3% da população brasileira é alcoólatra.

A dependência alcoólica é caracterizada pela falta de controle no uso e a necessidade de doses cada vez maiores para que o álcool surta efeito no organismo. Quando a pessoa interrompe o consumo, sente sintomas de abstinência, que incluem tremores, vômitos, náuseas, suor excessivo, ansiedade, irritação e estados de confusão mental.

Essa dependência é multifatorial, com aspectos genéticos, comportamentais, exposição à substância, comorbidades psiquiátricas e eventos estressores ao longo da vida de uma pessoa. “Situações estressoras na primeira infância acaba elevando, significativamente, o risco para transtornos mentais, inclusive a dependência de álcool”, pontua o psiquiatra Elton Kanomata, do hospital Albert Eintein, em São Paulo.

O especialista cita o estímulo chamado de reforço negativo, que é quando o consumo de álcool é feito para atenuar condições como ansiedade, estresse e depressão. “Isso faz com que a pessoa volte a reutilizar o álcool novamente, aí começa a criar um vínculo inadequado entre estar ansiosa e decidir beber. Esse uso recorrente acaba mantendo o risco de consumo patológico, que leva à dependência”, explica o psiquiatra.

A dependência química afeta a saúde mental e qualidade de vida de um indivíduo. Além disso, o psiquiatra Elton ressalta que o consumo exacerbado também impacta os familiares e amigos da família alcoólatra. “Seja por uma questão de distanciamento, alienação parental, divórcios ou brigas entre família”.

O consumo patológico de álcool também está ligado ao risco de doenças cardiovasculares, como infarto ou acidente vascular cerebral, doenças gástricas, cirrose hepática e cânceres em determinados órgãos do corpo, a exemplo da faringe, fígado ou estômago.

Tratamento

O tratamento da dependência alcoólica costuma ser multidisciplinar, envolvendo psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro e assistente social. “Cada um com sua expertise vai dar ênfase para tratar o que está disfuncional e levando ao sofrimento, impactando negativamente a saúde física e mental do paciente”, afirma o Dr. Elton.

“Como é um tratamento longo, isso acaba desmotivando o paciente, o grau de motivação vai flutuando ao longo do tempo. Por isso é importante todos os profissionais atuarem para que o paciente se mantenha motivado, aumentando a chance do sucesso terapêutico”, esclarece o especialista.

Onde buscar ajuda?

O Sistema Único de Saúde oferece tratamento gratuito às pessoas alcoólatras. Os Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD) existem em várias cidades do Brasil e dispõem de acompanhamento médico em variadas especialidades. Há também diversas ONGs sem fins lucrativos que auxiliam psicologicamente o dependente no tratamento. 

Olga Mongenot

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