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Cigarros eletrônicos: o vício que está matando jovens e adolescentes 

Os cigarros eletrônicos ganharam popularidade nos últimos anos, principalmente entre jovens e adolescentes que acreditam ser uma alternativa mais segura ao cigarro tradicional. O marketing desses dispositivos frequentemente enfatiza a ausência de alcatrão e a presença de sabores atrativos, como baunilha, morango e chocolate. Essa estratégia mascara um risco real: a alta concentração de nicotina e o enorme potencial viciante desses produtos.

Um vício disfarçado

Muitas pessoas não sabem, mas um único reservatório de cigarro eletrônico pode conter uma quantidade de nicotina equivalente a um maço inteiro de cigarros convencionais. A substância é altamente viciante, afetando diretamente o sistema nervoso central e aumentando a liberação de dopamina — neurotransmissor ligado à sensação de prazer e recompensa. Esse mecanismo leva à dependência rapidamente, tornando o abandono do uso ainda mais difícil.

Estudos indicam que o consumo de nicotina por adolescentes pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro, impactando áreas ligadas à memória, aprendizado e controle de impulsos. Com o uso frequente, há também um maior risco de problemas cardiovasculares, respiratórios e transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.

Embora os cigarros eletrônicos sejam frequentemente promovidos como alternativas mais seguras ao tabagismo tradicional, estudos recentes indicam que seu uso pode aumentar significativamente o risco de câncer entre jovens e adolescentes.

Pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que o uso de cigarros eletrônicos aumenta em mais de três vezes a probabilidade de iniciação ao tabagismo convencional, elevando o risco de desenvolvimento de doenças graves, incluindo diversos tipos de câncer, como os de pulmão, cabeça, pescoço e bexiga.  Além disso, experimentos com roedores expostos ao vapor desses dispositivos mostraram que nove em cada quarenta desenvolveram câncer de pulmão, enquanto nos grupos de controle apenas um caso foi registrado.  Esses dados reforçam a necessidade de uma maior conscientização sobre os potenciais riscos associados ao uso de cigarros eletrônicos entre a população jovem.

Estratégia para conquistar

Os cigarros eletrônicos não são vendidos apenas como uma alternativa ao cigarro tradicional, mas também como um produto moderno e “personalizado”, disponível em dezenas de sabores adocicados e frutados. Essa tática não é coincidência: a própria FDA (Food and Drug Administration) já alertou que esses aromas são uma das principais razões pelas quais jovens começam a usar vapes.

A ideia de que os cigarros eletrônicos são menos prejudiciais faz com que muitos jovens experimentem sem medo, o que os torna alvos fáceis para a dependência química. Pesquisas revelam que adolescentes que usam vapes têm maior probabilidade de migrar para o cigarro comum no futuro.

Um jogo bem calculado

O mercado de cigarros eletrônicos movimenta bilhões de dólares anualmente, e a indústria do tabaco percebeu rapidamente a oportunidade de lucrar ainda mais. Nos Estados Unidos, a maior fabricante de cigarros do país adquiriu parte de uma das principais empresas de vapes, garantindo que, independentemente da escolha do consumidor, o dinheiro continue circulando dentro do setor.

Esse movimento estratégico reforça um ciclo preocupante: enquanto as campanhas de marketing vendem a ideia de um produto “moderno” e menos nocivo, as grandes empresas do tabaco seguem ampliando seu poder econômico e social, garantindo que as próximas gerações permaneçam presas ao consumo de nicotina.

Mas… o que fazer?

Diante desse cenário, especialistas e órgãos de saúde recomendam medidas urgentes, como:

• Maior fiscalização da venda de cigarros eletrônicos, especialmente para menores de idade.

• Campanhas educativas que desmistifiquem a ideia de que o vape é inofensivo.

• Regulação mais rígida sobre os sabores artificiais, que tornam o produto mais atraente para jovens.

• Incentivo a políticas públicas que auxiliem pessoas a abandonarem o vício.

A falsa sensação de segurança em torno dos cigarros eletrônicos pode custar caro para a saúde pública. Informar-se e divulgar os verdadeiros riscos desses dispositivos é fundamental para evitar que mais pessoas caiam nessa armadilha, e principalmente os jovens que são os mais vulneráveis e manipuláveis pela indústria. 

Olga Cruz 

*Com informações de oglobo.com e PAHO.ORG

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