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Dia Internacional de Tolerância Zero à mutilação genital feminina – uma reflexão sobre a barbárie

A data 6 de fevereiro foi escolhida como o dia de conscientização sobre o assunto por meio da Resolução 67/146, aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2012. O Dia Internacional de Tolerância Zero à mutilação genital feminina tem como objetivo erradicar essa barbárie, e, de acordo com as Nações Unidas, a prática é uma grave violação de Direitos Humanos. 

No documento, as Nações Unidas pedem que os países praticantes “adotem medidas como a proibição da prática, com o objetivo de proteger mulheres e crianças de “qualquer forma de violência”, que as autoridades busquem orientar as meninas e mulheres vítimas da mutilação acerca do atendimento médico, e que os líderes religiosos e comunitários contribuam com essa conscientização. 

Apesar dessa prática acontecer principalmente na África e no Oriente Médio, vários líderes africanos reconhecem a importância do documento para estimular e fortalecer a luta internacional contra a mesma.

A mutilação genital feminina (MGF) consiste no corte ou remoção da genitália feminina externa, ou seja, dos lábios e do clitóris. De acordo com a OMS, esta é uma prática que “fere os órgãos genitais femininos sem justificativa médica“.

Conforme exposto pela BBC, existem quatro tipos de MGF:

Clitoridectomia → É a remoção parcial ou total do clitóris e da pele no entorno;

Excisão → É a remoção parcial ou total do clitóris e dos pequenos lábios;

Infibulação → O corte ou reposicionamento dos grandes e pequenos lábios. Em geral inclui costura para deixar uma pequena abertura (esta prática além de ser dolorosa possui risco de infecção);

Abarca todos os outros tipos de mutilação, como perfuração, incisão, raspagem e cauterização do clitóris ou da área genital.

De acordo com a ONU, Unicef e a organização The Women Stats Project, é estimado que a MGF ocorra em 30 países da África e do Oriente Médico, e ocorra também em alguns países da África e da América Latina, e em comunidades de imigrantes que vivem no Leste Europeu, na América do Norte, na Austrália e na Nova Zelândia, afirma a ONU.

Apesar de 24 dos 29 países praticantes na África e no Oriente Médio possuírem leis ou proibirem de outras maneiras essa prática, a MGF continua ocorrendo em larga escala nesses locais. É estimado que, atualmente, mais de 200 milhões de meninas e mulheres sofreram mutilação genital feminina. Além de o número de vítimas ser alto, a faixa etária delas também é assustadora. 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, ressalta que essa prática ocorre duas vezes mais entre adolescentes. Do número de vítimas, 34% possui entre 15 e 19 anos e 16% entre 45 e 49 anos. Ademais, as meninas e mulheres que sofrem a MGF enfrentam diversas complicações, como “dor intensa, choque, sangramento, infecções, dificuldade em urinar, problemas psicológicos e reprodutivos”.

Há várias questões por trás da perpetuação da prática. Para António Guterres, secretário-geral da ONU, “a mutilação genital feminina é uma manifestação flagrante da desigualdade de gênero que está profundamente enraizada nas estruturas sociais, econômicas e políticas”.

De acordo com a BBC, “a maioria das razões apontadas para a mutilação genital feminina passa por aceitação social, religião, desinformação sobre higiene, um modo de preservar a virgindade, tornando a mulher “casável” e ampliando o prazer masculino. Em algumas culturas, a MGF é considerada um rito de passagem à vida adulta e um pré-requisito para o casamento”.

Para a ONU, a mutilação é uma forma de violência de gênero, logo, “não deve ser abordada isoladamente de outras formas de violência contra mulheres e meninas, ou outras práticas prejudiciais, como casamentos precoces e forçados”. A organização alega que para extinguir essa prática, é necessário combater a desigualdade de gênero, trabalhando no empoderamento social e econômico das mulheres.

A Agenda 2030 possui 17 objetivos e 169 metas que têm quase uma década para serem concluídas. O objetivo número cinco desta agenda, reflete a desigualdade de gênero existente e enfatiza a necessidade dela ser combatida.

Metas do Objetivo 5

5.1 Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte;

5.2 Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos;

5.3 Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas;

5.4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais;

5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública;

5.6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão;

5.a Empreender reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso à propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais;

5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres;

5.c Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, em todos os níveis. (fonte: JNews). 

Redação 

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